sexta-feira, 13 de abril de 2012

Nosso lugar.



No dia de hoje, gostaríamos de fazer algo um pouco diferente. Diferente do que geralmente publicamos, mas semelhante ao que pensamos sempre. Reconhecemos que é difícil falar dessas coisas sem ser piegas. Mas a cidade faz isso com a gente. Definitivamente, não há como acompanhar um pôr do sol à beira mar, uma partida de futebol com os amigos ou, pra quem gosta, a caranguejada da quinta-feira, sem se aperceber, pelo menos uma vez na vida, que apesar de tudo (e olha que esse “tudo” é muita coisa), somos privilegiados.


Que a “loira desposada do Sol” recebe todo mundo, do mundo todo, não é novidade. Mas nós recebemos um pouquinho dela também. E essa simbiose gera esse ser que habita este espaço, o fortalezense. Fortalezense que nasceu aqui, fortalezense que veio do interior, ou mesmo de outros estados e países, e não quis mais ir embora. Fortalezenses que partiram, mas deixaram o coração aqui. Os que acham a cidade feia, confusa, e são doidos pra ir e não voltar.

Fortalezense, por si só, já é um caso a ser estudado. É esse povo que pode ter um mal gosto danado ao estacionar carros e jogar o lixo janela afora, mas que também pode ajudar os outros quando as ruas alagam. Que pode vandalizar monumentos, mas que pode também lutar pela preservação dos bens públicos. Mas principalmente, é aquele que tem presença de espírito para comemorar chuva, vaiar o Sol e sentir falta até do Paranjana.

E desse jeito é a cidade, criadora e criatura de seus habitantes. A mesma que impressiona e escandaliza pelo trânsito e correria é aquela que ainda resiste com cadeiras na calçada à noitinha e mercearias com cadernetas. É tanta dualidade que fica até confuso pensar: essa ambiguidade vem dela ou de nós?

Verdade que o caminho está bem aí, na nossa frente, e não parece curto. Nem fácil. Podemos não ter o povo mais urbano, nossa sociedade também não é a mais organizada, nossas relações com a cidade nem sempre são as mais justas, mas estamos caminhando. Enfrentando os desafios comuns às metrópoles, mas sob o Sol escaldante e à beira do mar verde, só a Cidade Solar.



Texto escrito por Cleber Cordeiro, que é fortalezense de São Paulo - SP e aquarelas de Morganna Batista, que é fortalezense de Milagres-CE.


Hoje, dia 13 de abril, Fortaleza completa 286 anos. E que venham outros 286 e mais outros e outros.

Um comentário:

  1. Como previsto, uma homenagem a altura da cidade. Não sei o que é mais bonito: a escrita do Cleber ou as aquarelas da Morganna.

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