Neste Dia do Arquiteto, escolhemos falar de uma personalidade pouco conhecida, mas que ajudou a construir a cara da nossa cidade.
Mesmo sem saber, você certamente já entrou, morou, trabalhou ou pelo menos passou em frente e parou pra observar um dos prédios construídos por esse arquiteto. Emílio Hinko (1901-2002), húngaro que escolheu Fortaleza para viver, foi um dos que construiu a cidade na primeira metade do século passado.
Seus projetos residenciais eram considerados inovadores para a cidade, construindo sem edificar todo o lote, mas prevendo recuo e espaços ajardinados, entre outras melhorias. Sua arquitetura, baseada na experiência que teve na Itália, é considerada também como adaptada ao clima da cidade e preocupada com o bem estar sanitário, ao pensar espaços arejados, varandas, utilização de elementos vazados e banheiros no espaço interno das residências. Com essas premissas, e permitindo que o cliente participasse do processo ao projetar, construiu diversas residências, principalmente pelo Centro, Jacarecanga e Benfica.
Sobre sua obra residencial, no meio acadêmico diz-se também que “A
implantação é feita de maneira a permitir a iluminação e a ventilação natural.
Percebe-se também a utilização de elementos modernos, como o brise e a pérgula,
além de um jogo bem equilibrado de volumes (SALES apud VERAS, online, 2000)"
Casas para aluguel no centro: hoje (acima) e antes (abaixo).
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| (imagens: google street view e Skysrappercity) |
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| Chalés na praça da CEART |
Emilio Hinko, na verdade, antes de outra coisa foi um dos introdutores da palavra "arquiteto" em Fortaleza, profissão que não se sabia muito bem o que era, por aqui. Pelo visto, as pessoas gostaram, e ele logo entrou para os círculos de amizades de seus clientes abastados.
Seu estilo regionalista já estava consolidado e logo surgiriam projetos para edifícios públicos, como o Hospital de Messejana, os edifícios da Base Aérea de Fortaleza, incluindo as vilas militares, diversos projetos em Art Decò, como a Sede da Policia Civil, e o palacete Iracema, no centro, além de um projeto para um grandioso prédio para a Prefeitura, que não foi terminado, ao lado do Parque das Crianças. Também foi dele o projeto do antigo Jockey Clube Cearense.
Hinko também projetou igrejas, tendo chamado inovado em seu projeto do Santuário do Coração de Jesus: Cobogós compondo a fachada.
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| Cobogós e outros elementos vazados tornam o Santuário claro e arejado. |
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| Igreja das Missionárias, na Aldeota. |
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| Clube Náutico Cearense (imagem do google street view) |
O arquiteto Emilio Hinko, apesar de projetar e executar (já que criou sua própria construtora) em todo o país, se fixou e sempre morou em Fortaleza, vivendo os últimos dos seus mais de cem anos no Hotel Excelsior, na praça do Ferreira (aquele do Coral de Natal). Hinko tem inúmeras obras espalhadas pela cidade, e o objetivo dessa postagem era contar um pouco da bonita história entre ele e Fortaleza.
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| o arquiteto Emilio Hinko |
Neste dia do arquiteto queremos homenagear todos os profissionais, estudantes, professores e demais envolvidos no fazer arquitetônico, desejando que, assim como fez Hinko, possam trazer inovações, melhorar o convívio e o bem estar nessa cidade, sem esquecer ou desconsiderar nossas características e necessidades, nosso calor, nossa umidade, nosso vento, enfim, tudo que faz de Fortaleza essa terra que amamos. Que possam ter liberdade para aplicar as técnicas aprendidas e aliá-las à sensibilidade necessária a esse ofício, na fronteira entre arte e tecnologia. E que lembrem que além de moldarem a paisagem urbana, ela, ao mesmo tempo, também os define e identifica.
Feliz Dia do Arquiteto e Urbanista!
referências:
BORGES, M.S. Quarteirão sucesso da cidade: o Art Decò e as transformações arquitetônicas na Fortaleza de 1930 e 1940. São Paulo, 2006. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - FAU, USP.
SAMPAIO NETO, P.C. Ressonâncias e inflexões do modernismo arquitetônico no Cerá: a contribuição de Gerhard Bormann. São Paulo, 2012. Tese (Doutorado em Arquitetura) - FAU, USP.
