terça-feira, 14 de julho de 2015

Espaços para todos: os exemplos que moram ao lado


Sabendo que boas cidades são as que estão aptas a acolher a todos, muitas prefeituras vem trabalhando para tornar seus espaços mais agradáveis e acessíveis. Hoje vamos falar do que vem fazendo a Intendencia de Montevidéu, no Uruguai.


Imagem: http://barrioaccesible.montevideo.gub.uy/

Não tão longe daqui, a prefeitura de Montevidéu, capital do Uruguai, vem se preocupando em integrar seus habitantes e turistas à vida na cidade. Através do programa Bairro Acessível, a capital uruguaia promove a diminuição da barreiras à acessibilidade a partir da participação dos moradores de cada bairro, que conhecem os problemas das ruas em que habitam como ninguém.

Dentro desse programa, foi desenvolvido o Mapa de Acessibilidade da cidade, que indica locais públicos e privados preparados para receber a todos. O mapa conta com opções como  parques, museus, praças e outros, e pode ser consultado em: http://accesibilidad.montevideo.gub.uy/



Dentre esses locais está o Parque de la Amistad, resultante de um projeto de requalificação de área pública degradada. O vídeo abaixo mostra o dia da inauguração do parque, que é gratuito e o primeiro inclusivo da cidade. ;)





Como sabemos, legislação para que coisas assim aconteçam é o que não falta por aqui. Então, que surja interesse político e mobilização dos cidadãos para que exemplos como esse e muitos outros espalhados por aí se tornem realidade nas cidades brasileiras o quanto antes!

terça-feira, 26 de maio de 2015

Sobre gentilezas urbanas.

Em uma cidade em que o caos se tornou companheiro de viagem, encontrar uma gentileza urbana como essa é de fazer o dia de qualquer um mais feliz.

Onde havia um muro escuro e sem graça, puseram cores e tomaram partido da ausência de calçada pra construir uma área de convívio. A parede é de uma escola de bairro e a ação deve ter sido ideia deles. 

Fortaleza agradece.





Rua Lívio Barreto, Fortaleza, Ceará.

sábado, 15 de novembro de 2014

Catraca dupla: "É gado não!"

Novamente na vanguarda do transporte público, Fortaleza testa catracas duplas nos ônibus.


Chamou bastante a atenção nos últimos dias a notícia da instalação de catracas "duplas" em ônibus de Fortaleza, para teste. O objetivo, segundo os autores (e com a ciência da Etufor), é impedir que as pessoas viajem sem pagar.
A instalação surrealista.
Foto: Jornal O Estado

A novidade foi implantada em linha que circula na Grande Messejana e recebeu críticas dos usuários, como mostraram as reportagens televisivas. Entre elas, a dificuldade de passar pelo equipamento, que é o nosso assunto aqui, afinal deveríamos estar em um momento de incentivo ao transporte público para diminuir o número de automóveis particulares nas ruas. Visto dessa ótica, não parece muito convidativo tomar esse ônibus, portanto ganhar novos usuários definitivamente não está nos objetivos. Quando se pensa em mães que andam com crianças, pessoas de baixa estatura, gente com sacolas de supermercado ou outros pacotes, podemos ver que a vida delas também não vai melhorar com esse novo aparelho.

Chama atenção ainda o fato de que as catracas dentro de coletivos são elementos arcaicos, em desuso há muito tempo na maioria dos países. Em alguns, faz tanto tempo que foram abolidas que os mais novos nunca viram. Numa pesquisa rápida na internet, o único lugar que ainda utiliza catracas que encontramos é o Paraguai (e está retirando!). Nesses países, todos - idosos, crianças, pessoas com sacolas, gestantes - entram pela mesma porta, já que a cidadania é para todos, literalmente sem obstáculos. Dessa forma, podemos dizer que, se o Brasil todo está atrasado nesse tema, Fortaleza está correndo vigorosamente em direção ao atraso com essa catraca.

Se nos apegarmos aos argumentos usados - assaltos, vandalismo, passageiros sem pagar - nos damos conta facilmente que a catraca dupla não vai impedir nenhum deles, mas só atrapalhar todos que tenham que pagar a passagem e passar. Afinal, sabemos que vândalos não se intimidam em quebrar nada, e muitas vezes o assaltante paga a passagem pra agir em seguida. Sobre pular, esse vídeo do Uol é autoexplicativo.




Mas e nesses outros países, o ônibus é de graça? Não, e como aqui, um bocado de gente também anda sem pagar. O sistema funciona na confiança, pagando logo que se entra no veículo e com fiscalização e multa alta pra quem não paga. A diferença entre esse procedimento e o nosso é o respeito pelo cidadão, e um transporte público mais humano e menos bovino.

Como é um "teste", esperamos que esse tipo de aparelho seja aposentado o quanto antes. E, num exercício de criatividade otimista ao extremo, seria interessante ver uma empresa fazer um outro teste, retirando as catracas de algumas linhas. Quem sabe o resultado seria a mesma arrecadação e passageiros mais empoderados e satisfeitos? ;)

Até a próxima!

sábado, 4 de outubro de 2014

A Rua e as eleições


Um dos motivos alegados pelas pessoas para não acompanhar a política é, entre várias coisas, o de não ouvir assuntos interessantes e aplicáveis à sua vida. Tudo bem, claro que o PIB, Banco Central e outras coisas são bem importantes, mas será que não há assuntos negligenciados? Será que são menos importantes e urgentes? Afinal, durante as campanhas, nos debates e entrevistas, os assuntos do nosso dia-a-dia foram abordados?


https://twitter.com/leandraleal/status/517883067533623297


Durante o último debate presidencial na TV, quinta-feira passada, esse tweet acima, de uma atriz global, foi bastante mencionado e serve bem pra ilustrar a invisibilidade de alguns assuntos. Não que nenhum candidato tenha planos para a cultura, por exemplo, mas o fato é que nenhuma pergunta abordava esse tema, nem nos assuntos pré-selecionados pela emissora. Nem em outros debates foi levantada a questão. Dá mesmo a impressão de que estão fora do jogo político.

E quanto ao esporte? Uma das formas mais simples, saudáveis e baratas de educar e reduzir a violência simplesmente não é citada no país que, dentro de dois anos, vai sediar os Jogos Olímpicos! Pelo jeito, temos tudo pra deixar passar a oportunidade pra debater o esporte como inclusão social e saúde pública, por exemplo. 

Esses assuntos parecem não ter muito a ver com o que costumamos falar aqui, estão meio deslocados no blog? Então talvez valha lembrar que não tinha nenhum papelzinho na urna do debate escrito mobilidade urbana. Se esse assunto está cada vez mais na moda, não deveria estar sendo debatido seriamente por todos os candidatos? Afinal, o governo federal deve o maior incentivador da definição das políticas de mobilidade. O que será que os candidatos pensam (ou não pensam) sobre isso? 

Podemos lembrar, numa perspectiva mais ampla, do direito à cidade, e do que precisa ser feito para que não tenhamos que viver todos em bairros-dormitório distantes de onde está a vida da cidade, sem mais lazer do que o que temos dentro de casa e sendo obrigados a perder tempo, dinheiro e saúde em deslocamentos, quando conseguimos nos deslocar, seja pelo trânsito, seja pelo transporte precário, seja pela insegurança.

À primeira vista, tudo isso parece simples, frente aos "grandes assuntos" como educação, saúde e outros, mas a importância desses assuntos na vida da gente e das nossas cidades é muito grande, e estão todos interligados. Então não, não são assuntos menos sérios! 

Preferências pessoais à parte, temos que reconhecer que, desde a redemocratização, avançamos em muita coisa. Mas temos que reconhecer também que o caminho para chegar ao lugar em que queremos morar ainda é comprido. Um bom passo (e do tamanho exato das nossas pernas) é nos informar e votar em candidatos que parecem se preocupar com as mesmas coisas que nós. Estamos vendo que não podemos nos acomodar, porque a informação que chega nem sempre é a que a gente precisa, então, toca pesquisar. E mais ainda, depois de votar, saber exigir o que é necessário de quem tiver vencido, seja lá quem for.

Bom voto!



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Sobre o Parque Madrid Rio.

Que semelhança existe entre Fortaleza e Madrid? Poucas, é verdade. São de dois países de continentes e culturas distintas, mas as duas são cortadas por rios igualmente importantes para a cidade. Do lado de cá, o Rio Cocó e do lado de lá, o Rio Manzanares. Do lado de cá, ainda não aprendemos a valorizar o que é nosso, do lado de lá... Bem, agora mostro pra vocês!

Rio Manzanares, Madrid, Espanha, outono de 2013.

domingo, 15 de dezembro de 2013

O arquiteto e a cidade



Neste Dia do Arquiteto, escolhemos falar de uma personalidade pouco conhecida, mas que ajudou a construir a cara da nossa cidade.


Mesmo sem saber, você certamente já entrou, morou, trabalhou ou pelo menos passou em frente e parou pra observar um dos prédios construídos por esse arquiteto. Emílio Hinko (1901-2002), húngaro que escolheu Fortaleza para viver, foi um dos que construiu a cidade na primeira metade do século passado.

Seus projetos residenciais eram considerados inovadores para a cidade, construindo sem edificar todo o lote, mas prevendo recuo e espaços ajardinados, entre outras melhorias. Sua arquitetura, baseada na experiência que teve na Itália, é considerada também como adaptada ao clima da cidade e preocupada com o bem estar sanitário, ao pensar espaços arejados, varandas, utilização de elementos vazados e banheiros no espaço interno das residências. Com essas premissas, e permitindo que o cliente participasse do processo ao projetar, construiu diversas residências, principalmente pelo Centro, Jacarecanga e Benfica.

Sobre sua obra residencial, no meio acadêmico diz-se também que A implantação é feita de maneira a permitir a iluminação e a ventilação natural. Percebe-se também a utilização de elementos modernos, como o brise e a pérgula, além de um jogo bem equilibrado de volumes (SALES apud VERAS, online, 2000)"

Casas para aluguel no centro: hoje (acima) e antes (abaixo).
(imagens: google street view e Skysrappercity)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O Passeio Público


Ambiente agradável, reunindo arte, lazer, ar puro e (muita) História. O Passeio Público tem muito pra mostrar, pra quem é de Fortaleza e pra quem vem de fora.


Que o Passeio Público tem muita história pra contar todo fortalezense sabe. A mais antiga área de lazer da cidade viu vários acontecimentos relevantes do país durante sua existência: escravidão, abolição, revoltas, revoluções, fuzilamentos, tudo passou por ali (inclusive a primeira partida de futebol do Ceará!). O Passeio, depois de alguns anos marginalizado e esquecido (o que, de certa forma, acabou contribuindo pra sua preservação), é novamente uma das melhores opções de espaço público da cidade. 

(clique nas fotos para ampliar)

Excursões já são parte da rotina do Passeio.